Jornal, online, Angico dos Dias Notícias, “Blog”.
Edição de Nº 1502, (publicações no blog).
Campo Alegre de Lourdes/BA, Brasil. Quinta-Feira 08. 06. 2017.
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O pai do bebê Breno Rodrigues Duarte da Silva, Felipe Duarte, desabafou nesta quinta-feira sobre a omissão da médica acionada para socorrer a criança de 1 ano e 7 meses, no apartamento da família, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Breno sofria de epilepsia e contava com um home care montado em casa. Nesta quarta-feira, ele teve problemas de digestão, e a família chamou uma ambulância. Ao chegar na portaria, porém, a médica plantonista se recusou a prestar atendimento e mandou o veículo voltar. Um vídeo flagrou quando ela rasgou o pedido da socorro.
Breno será velado a partir de 12h desta quinta-feira no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio. O enterro está marcado para 15h. Felipe Duarte lamentou e fez um apelo à funcionária da Cuidar Emergências Médicas, que presta serviço ao plano de saúde Unimed.
No tenho raiva. Só desejo que ela jamais faça isso de novo. Como ela vai pagar, qual punição vai ter, não cabe a mim julgar. Cabe à lei o caminho que ela vai seguir. Meu filho era especial. Pais de filhos especiais já sofrem querendo dar o melhor para as crianças, e vem uma pessoa assim e não cuida, justamente quando mais precisa. Meu filho precisava de cuidado. Se ela não tivesse se omitido, ele poderia estar vivo agora — disse, com a voz tomada pela tristeza.
O pai do bebê acrescentou que funcionários do condomínio ouviram a médica, ainda não identificada, gritando de dentro da ambulância antes de ir embora.
— Me falaram que ela gritava que já tinha passado do horário dela e que não era pediatra.
O pequeno Breno morreu às 10h26 desta quarta-feira. O primeiro chamado para a ambulância havia sido feito às 8h 20. O socorro chega ao local por volta das 9h 10 e sai às 9h 13. As imagens do circuito interno mostram o horário de saída como 10h13. Segundo Felipe Duarte, o computador estava com horário de verão e, por isso, aparece com uma hora a mais. Ainda de acordo com ele, o socorro foi chamado pela primeira vez pela pediatra responsável pelo tratamento de Breno.
— Ele ficou sete meses internado depois do nascimento. Depois, veio para casa com o home care. Tínhamos enfermeiras 24 horas por dia dando assistência. A epilepsia dele era de difícil controle, mas vinha apresentando melhoras. Já havíamos até dado entrada na Anvisa para a liberação do canabidiol para auxiliar no tratamento. Por causa das regras do home care, não poderíamos levá-lo diretamente ao hospital. Cogitamos isso, mas a Unimed nos dizia que a ambulância estava chegando — contou.
Ainda segundo Felipe, a técnica de enfermagem que estava na casa do casal no momento em que o menino teve a crise, nesta quarta, auxiliou a todo momento.
— Ela foi ótima, fez tudo o que estava ao alcance. Ela estava em contato com a médica (a pediatra que acompanha o menino) a todo momento. O problema de ontem (quarta-feira) foi relacionado a algum problema intestinal. Ele não estava digerindo bem a comida. Na terça havíamos falado com a pediatra e ela nos disse que ele precisaria entrar no soro e que solicitaria a internação no dia seguinte. Quando a ambulância chegou, meus porteiros me avisaram e eu autorizei a subida. Mas ninguém nunca subiu — disse.
A esposa da Felipe, Rhuana Rodrigues, está grávida de dois meses. Ela também conversou com o EXTRA e classificou o que ocorreu como "desumano".
— Agora eu vou viver com esse "se" para o resto da minha vida: se ela tivesse levado será que o meu filho estaria vivo? Ele morreu uma hora e meia depois. Dava muito tempo de ter levado ele ao hospital. É desumano. Eu abri mão da minha vida para cuidar do meu filho que era especial e agora não tenho mais o meu Breno. Ela negou socorro — disse.
A Unimed-Rio lamentou a morte do bebê e descredenciou a empresa Cuidar. A médica ainda não foi identificada. "A Unimed-Rio lamenta profundamente o falecimento do pequeno Breno Rodrigues Duarte da Silva na manhã desta quarta-feira, 7/6 e vem prestando apoio irrestrito à família nesse momento tão difícil. A cooperativa tomará todas as providências para descredenciar imediatamente o prestador "Cuidar", pela postura inadmissível no atendimento prestado à criança. Além disso, adotará todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis em razão da recusa de atendimento por parte do prestador de serviço".
O caso está registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).
Despedida emocionada
No Facebook, Felipe publicou um texto de despedida do filho em tom emocionado:
"Breno meu amado filho! Pq se foi tão rápido?!? Ainda tínhamos tanto para viver... cada momento juntos foi tão maravilhoso! Vc nos trouxe tantos ensinamentos, tanto amor e tanta esperança! Se vc soubesse o quanto todos nós te amamos!! Tenho certeza que agora vc está em um lugar melhor e um dia vamos nos reencontrar".