JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS EDIÇÃO DE Nº 20184, (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/BA, BRASIL.quinta - FEIRA. 12, 09, 2019.
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Ministério Público Federal
pediu duas vezes ao então juiz Sergio Moro operações contra a filha de um alvo
da Lava Jato que vive em Portugal como forma de forçá-lo a se entregar.
Apesar de
ser titular de contas no exterior que receberam propinas, ela não era suspeita
de planejar e executar crimes.
O plano, revelado em mensagens de
Telegram trocadas entre procuradores e entregues ao Intercept por uma fonte anônima, era criar um “elemento de
pressão”, como disse o procurador Diogo
Castor de Mattos, sobre o empresário luso-brasileiro Raul Schmidt. O
MPF apelou a Moro mirando na filha do investigado: queria que o passaporte de
Nathalie fosse cassado e que ela fosse proibida de sair do Brasil. O plano era
forçá-lo a se entregar para evitar mais pressão sobre a filha.
Na primeira tentativa, Moro vetou a
manobra dos procuradores. “Apesar dos argumentos do MPF, não há provas muito
claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os
valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção”, argumentou
num despacho.
A tentativa frustrada dos
procuradores de cassar o passaporte de Nathalie para pressionar o pai a se
entregar ocorreu em fevereiro de 2018. A justiça portuguesa havia determinado o cumprimento da extradição de Schmidt para o Brasil no mês
anterior, mas ele não foi encontrado onde morava, em Lisboa,
pelas autoridades locais.
Em maio daquele ano, após novo
fracasso em buscas por Schmidt em Portugal, a Lava Jato reapresentou seu pedido
a Moro. Dessa vez, sem que houvesse qualquer suspeita adicional contra ela, o
juiz mudou de ideia e deu sinal verde ao desejo da Lava Jato, que incluía uma
varredura na casa, nas comunicações e nas contas de Nathalie.
No dia seguinte, os policiais
cumpriram o mandado de busca e apreensão na casa da filha do investigado, no
Rio de Janeiro. A defesa alegou que ela foi coagida pela Polícia Federal, na
ocasião, a dizer onde o pai estava. O plano, no entanto, não teve tempo de ser
testado. No mesmo dia, Raul Schmidt conseguiu extinguir seu processo de
extradição em Portugal. A Lava Jato tenta até hoje trazê-lo ao Brasil.
“PENSAMOS EM FAZER UMA OPERAÇÃO NELA PARA TENTAR
LOCALIZÁ-LO”.
APONTADO COMO OPERADOR
DE PROPINAS para ex-dirigentes da Petrobras, o
empresário Raul Schmidt foi preso pela primeira vez em março de 2016, na 25ª
fase da Lava Jato. Na primeira etapa internacional da operação, ele foi
encontrado e detido em Lisboa, onde vivia. Dias depois, quando foi liberado
para responder ao processo em prisão domiciliar, o Brasil já havia pedido sua
extradição.
O requerimento foi aceito em dezembro de 2016, e o último recurso da
defesa de Schmidt foi derrubado em 9 de janeiro de 2018, após o caso chegar ao
Tribunal Constitucional de Portugal – equivalente ao STF brasileiro. Quinze
dias depois, a justiça em Lisboa emitiu um mandado de detenção contra Raul,
para que ele fosse entregue às autoridades brasileiras.
A notícia da ordem de prisão em Portugal foi dada pelo procurador
Roberson Pozzobon no grupo de Telegram Filhos do Januario 2, que reunia apenas
membros da força-tarefa da Lava Jato no Paraná. Mas Diogo Castor de Mattos, que
estava à frente do caso, esfriou os ânimos da equipe 10 minutos mais tarde:
“Msg do mp português: Olá Diogo, eu acho que ele fugiu. Ninguém o encontra”.
Mais de uma semana depois, Raul ainda estava desaparecido. Foi quando
Castor de Mattos expôs aos colegas uma ideia para fazê-lo aparecer:
1º
de fevereiro de 2018 – Grupo Filhos do Januário 2
Diogo Castor de Mattos – 16:52:58 – prezados, gostaria de submeter à
analise de todos a questão da operação na filha do raul schmidt.. basicamente,
ela esta envolvida em algumas lavagens por ser beneficiária de uma offshore do
pai.. pensamos em fazer uma operação nela para tentar localizá-lo.. oq acham?
Paulo Roberto Galvão – 16:56:11 – pegar
o celular?
Castor de Mattos– 16:57:53 – eh
Deltan Dallagnol – 17:05:13 – Nse
fizer, ele some no mesmo dia…
Dallagnol – 17:05:21 – ele
muda de lugar
Castor de Mattos– 17:10:47 – mas
ela mandou renovar o passaporte e entoru com pedido de visto em portugal..
Castor de Mattos– 17:11:04 – se nao
fizermos nada ela foge do país e nunca mais achamos
Dallagnol – 17:14:04 – mas o que ganha? -salvo se realmente achar
que ela tá envolvida nos crimes, não haverá provas deles -quanto à loalização
dele, pode até achar, mas terá poucas horas pra prendê-lo, ou menos de poucas
horas, tendo de mobilizar polícia fora em país que não sabemso qual em
território de fronteiras abertas UE…
Castor de Mattos– 17:15:36 – na minha
perspectiva, ela nao poder sair do país é um elemento de pressão em cima dele
Castor de Mattos– 17:15:57 – e ai
estamos falando de imóveis adquiridos em nome dela no exterior de USD 2 milhoes
Athayde Ribeiro Costa – 17:25:22 – Intercepta
ela. Se ela habilitar o cel e usar la, tem a erb
Castor de Mattos– 17:26:22 – mas o
cara tá na europa.
Januário.
A sugestão de Castor acabou aceita. No dia seguinte, 2 de fevereiro, o
MPF pediu a Moro que a filha de Raul Schmidt fosse proibida de deixar o Brasil.
Não queria apenas a apreensão do passaporte, mas também outras medidas: busca e
apreensão na casa de Nathalie, bloqueios em contas bancárias dela e da empresa
dela, quebras de sigilo fiscal e do sigilo das mensagens de um número dela no
WhatsApp.
O MPF justificou as medidas com evidências de que Nathalie era
beneficiária de contas bancárias no exterior abastecidas com dinheiro pago a
Raul Schmidt por multinacionais investigadas na Lava Jato. Parte desses
valores, segundo o Ministério Público, foi usada na compra de um apartamento em
Paris registrado no nome de uma empresa pertencente a Nathalie.
Na petição ao então juiz federal, os
procuradores informaram que a filha de Schmidt havia pedido recentemente a
renovação de seu passaporte brasileiro. E defenderam
“a imprescindibilidade da aplicação da medida cautelar em face de
Nathalie para assegurar a aplicação da lei penal brasileira, na medida em que,
no exterior, a investigação e processamento de seus crimes estaria
indubitavelmente prejudicada”.