JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS EDIÇÃO DE Nº 20184, (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/BA, BRASIL.quinta - FEIRA. 12, 09, 2019.
WHATSAPP E GRUPO DO
WHATSAPP:74 99907 9863
O
|
Ministério Público Federal
pediu duas vezes ao então juiz Sergio Moro operações contra a filha de um alvo
da Lava Jato que vive em Portugal como forma de forçá-lo a se entregar.
Apesar de
ser titular de contas no exterior que receberam propinas, ela não era suspeita
de planejar e executar crimes.
O plano, revelado em mensagens de
Telegram trocadas entre procuradores e entregues ao Intercept por uma fonte anônima, era criar um “elemento de
pressão”, como disse o procurador Diogo
Castor de Mattos, sobre o empresário luso-brasileiro Raul Schmidt. O
MPF apelou a Moro mirando na filha do investigado: queria que o passaporte de
Nathalie fosse cassado e que ela fosse proibida de sair do Brasil. O plano era
forçá-lo a se entregar para evitar mais pressão sobre a filha.
Na primeira tentativa, Moro vetou a
manobra dos procuradores. “Apesar dos argumentos do MPF, não há provas muito
claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os
valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção”, argumentou
num despacho.
A tentativa frustrada dos
procuradores de cassar o passaporte de Nathalie para pressionar o pai a se
entregar ocorreu em fevereiro de 2018. A justiça portuguesa havia determinado o cumprimento da extradição de Schmidt para o Brasil no mês
anterior, mas ele não foi encontrado onde morava, em Lisboa,
pelas autoridades locais.
Em maio daquele ano, após novo
fracasso em buscas por Schmidt em Portugal, a Lava Jato reapresentou seu pedido
a Moro. Dessa vez, sem que houvesse qualquer suspeita adicional contra ela, o
juiz mudou de ideia e deu sinal verde ao desejo da Lava Jato, que incluía uma
varredura na casa, nas comunicações e nas contas de Nathalie.
No dia seguinte, os policiais
cumpriram o mandado de busca e apreensão na casa da filha do investigado, no
Rio de Janeiro. A defesa alegou que ela foi coagida pela Polícia Federal, na
ocasião, a dizer onde o pai estava. O plano, no entanto, não teve tempo de ser
testado. No mesmo dia, Raul Schmidt conseguiu extinguir seu processo de
extradição em Portugal. A Lava Jato tenta até hoje trazê-lo ao Brasil.
“PENSAMOS EM FAZER UMA OPERAÇÃO NELA PARA TENTAR
LOCALIZÁ-LO”.
APONTADO COMO OPERADOR
DE PROPINAS para ex-dirigentes da Petrobras, o
empresário Raul Schmidt foi preso pela primeira vez em março de 2016, na 25ª
fase da Lava Jato. Na primeira etapa internacional da operação, ele foi
encontrado e detido em Lisboa, onde vivia. Dias depois, quando foi liberado
para responder ao processo em prisão domiciliar, o Brasil já havia pedido sua
extradição.
O requerimento foi aceito em dezembro de 2016, e o último recurso da
defesa de Schmidt foi derrubado em 9 de janeiro de 2018, após o caso chegar ao
Tribunal Constitucional de Portugal – equivalente ao STF brasileiro. Quinze
dias depois, a justiça em Lisboa emitiu um mandado de detenção contra Raul,
para que ele fosse entregue às autoridades brasileiras.
A notícia da ordem de prisão em Portugal foi dada pelo procurador
Roberson Pozzobon no grupo de Telegram Filhos do Januario 2, que reunia apenas
membros da força-tarefa da Lava Jato no Paraná. Mas Diogo Castor de Mattos, que
estava à frente do caso, esfriou os ânimos da equipe 10 minutos mais tarde:
“Msg do mp português: Olá Diogo, eu acho que ele fugiu. Ninguém o encontra”.
Mais de uma semana depois, Raul ainda estava desaparecido. Foi quando
Castor de Mattos expôs aos colegas uma ideia para fazê-lo aparecer:
1º
de fevereiro de 2018 – Grupo Filhos do Januário 2

Paulo Roberto Galvão – 16:56:11 – pegar
o celular?
Castor de Mattos– 16:57:53 – eh
Deltan Dallagnol – 17:05:13 – Nse
fizer, ele some no mesmo dia…
Dallagnol – 17:05:21 – ele
muda de lugar
Castor de Mattos– 17:10:47 – mas
ela mandou renovar o passaporte e entoru com pedido de visto em portugal..
Castor de Mattos– 17:11:04 – se nao
fizermos nada ela foge do país e nunca mais achamos
Dallagnol – 17:14:04 – mas o que ganha? -salvo se realmente achar
que ela tá envolvida nos crimes, não haverá provas deles -quanto à loalização
dele, pode até achar, mas terá poucas horas pra prendê-lo, ou menos de poucas
horas, tendo de mobilizar polícia fora em país que não sabemso qual em
território de fronteiras abertas UE…
Castor de Mattos– 17:15:36 – na minha
perspectiva, ela nao poder sair do país é um elemento de pressão em cima dele
Castor de Mattos– 17:15:57 – e ai
estamos falando de imóveis adquiridos em nome dela no exterior de USD 2 milhoes
Athayde Ribeiro Costa – 17:25:22 – Intercepta
ela. Se ela habilitar o cel e usar la, tem a erb
Castor de Mattos– 17:26:22 – mas o
cara tá na europa.
Januário.
A sugestão de Castor acabou aceita. No dia seguinte, 2 de fevereiro, o
MPF pediu a Moro que a filha de Raul Schmidt fosse proibida de deixar o Brasil.
Não queria apenas a apreensão do passaporte, mas também outras medidas: busca e
apreensão na casa de Nathalie, bloqueios em contas bancárias dela e da empresa
dela, quebras de sigilo fiscal e do sigilo das mensagens de um número dela no
WhatsApp.
O MPF justificou as medidas com evidências de que Nathalie era
beneficiária de contas bancárias no exterior abastecidas com dinheiro pago a
Raul Schmidt por multinacionais investigadas na Lava Jato. Parte desses
valores, segundo o Ministério Público, foi usada na compra de um apartamento em
Paris registrado no nome de uma empresa pertencente a Nathalie.
Na petição ao então juiz federal, os
procuradores informaram que a filha de Schmidt havia pedido recentemente a
renovação de seu passaporte brasileiro. E defenderam
“a imprescindibilidade da aplicação da medida cautelar em face de
Nathalie para assegurar a aplicação da lei penal brasileira, na medida em que,
no exterior, a investigação e processamento de seus crimes estaria
indubitavelmente prejudicada”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário