Edição da Manhã.

Jornal Edição da Manhã

3 de janeiro de 2017

O Jornal, online, Angico dos Dias Notícias diante da trágica despedida do procurador do Município recorreu aos versos certeiros de Carlos Drummond de Andrade para fazer lhe uma singela homenagem.

Jornal, online, Angico dos Dias Notícias, “Blog”.
                                                                                    
Edição de Nº 1386, (publicações no blog).

Campo Alegre de Lourdes/BA, Brasil.  Terça - Feira, 03. 012017.

WhatSapp 74 99907 9863

E-MAIL de correspondência:  angicodosdias2014@gmail.com

           Procurador do Município que tanto afrontou a sociedade atacou, covardemente, a imprensa virtual, local foi exonerado, porém foi o último a ser demitido, 31. 12. 2016 na madrugada quente de Campo Alegre de Lourdes, Bahia.
         Quantas vezes fez dos salários  roleta russa financeira?
         Quantos processos escaparam pelas suas ciladas para que tudo acabasse numa boa?
          Todos seus ataques, fúrias e danações, sejam morais ou físicas, mesmo que não concluídas, recaíram sobre você.
          Seu decreto estava pronto lá em cima da mesa do seu dono.
Ex procurador do Município: José Dias de Macêdo Júnior 


            Leia atentamente e Já que não há saída.
                   Agora José só resta lamentar.
             Virou noticia no nosso jornal que tanto desprezou.
           " Um Feliz Ano Novo José"  
                    Sua exoneração José!               


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio 
 e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
 

Drummond: 100 anos
Carlos Machado, 2002
 
Carlos Drummond de Andrade
In Poesias
Ed. José Olympio, 1942
© Graña Drummond

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