JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS EDIÇÃO DE Nº 1870, (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/BA, BRASIL. Sexta - FEIRA. 30. 11. 2018.WHATSAPP E GRUPO DO WHATSAPP: 74 99907 9863
Fundador da
UDR, antigo aliado de Bolsonaro será vice-ministro de Assuntos Fundiários; ele
é genro de que adquiriu na região de Tangará da Serra (MT)
uma área do tamanho do Bahrein, em terras da etnia Paresí.
O sogro do
secretário de Assuntos Fundiários do futuro governo Jair Bolsonaro (PSL)
comprou, nos anos 80, 67 mil hectares de terras indígenas em Diamantino e
Tangará da Serra (MT). De Olho nos Ruralistas constatou que o fazendeiro
Alcides Juraci Parzianello, falecido em 2014, esteve envolvido em uma
controvérsia judicial que se arrastou até 2016, com acusações de invasão de
propriedade, má-fé e calote.
Presidente
da União Democrática Ruralista (UDR), o genro de Parzianello – Luiz Antonio
Nabhan Garcia – comandará a secretaria responsável pelos assuntos diretamente
relacionados à propriedade de terras. Ele é um crítico da reforma agrária
e das ocupações promovidas por movimentos sociais, como o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo a futura ministra da Agricultura,
deputada Tereza Cristina (DEM-MS), a secretaria terá status de Vice-Ministério.
Alcides
Parzianello adquiriu em 1983 a Fazenda Santa Tereza, de 75 mil hectares, na
região dos municípios de Diamantino e Tangará da Serra, no norte do Mato
Grosso. A propriedade com o nome de uma freira carmelita e uma área do tamanho
da Ilha da Madeira, em Portugal, foi o pivô de uma saga jurídica que durou mais
de trinta anos.
O processo
tramitou no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, onde mora a família
Parzianello, e foi iniciado pelos herdeiros de Waldemar Zwicker Filho,
responsável pela venda das terras. Alcides Parzianello morreu ao longo do
processo e seu espólio passou a responder à ação.
Nabhan
Garcia é casado com a médica Maria Angela Parzianello Nabhan Garcia, sócia dele
em uma consultoria de Presidente Prudente (SP). Ela é filha de Alcides
Parzianello. Somente a área da fazenda incidente em terras indígenas abrange um
território do tamanho de Bahrein, ou de Singapura.
PARZIANELLO LEVOU, MAS NÃO PAGOU
A família
de Zwicker pedia na ação inicial o cancelamento da compra sob o argumento de
que o valor acordado não foi pago. E solicitava indenização pelo período em que
não pôde usar as terras. Parzianello alegava não ter feito o pagamento por ter
descoberto que 89% da gleba estava compreendida nas reservas indígenas: 22.442
hectares da Terra Indígena Pareci e 44.703 hectares da Terra
Indígena Utiariti. O território indígena foi delimitado em 1982 e homologado em
1991, oito anos após a conclusão do negócio.
Os dois
territórios são ocupados por indígenas da etnia Paresí. A TI Pareci foi
reservada como área indígena por um decreto de outubro de 1968 e outro de junho
de 1983. A TI Utiariti também foi declarada indígena duas vezes: em novembro de
1983 e abril de 1986.
Embora as
demarcações de terras indígenas já existissem antes da Constituição de 1988,
foi definido nela o atual modelo demarcatório, que reconhece áreas para pesca,
coleta e caça, além do aldeamento.
Os
herdeiros de Zwicker também acusaram Parzianello de invadir uma gleba de
aproximadamente 10.906 hectares que não fazia parte do negócio. Essa área,
segundo eles, estaria na posse legítima de Zwicker, em via de regularização junto
ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os autores da
ação estimavam o prejuízo em R$ 10 milhões.
Quem
representou a família dos réus no processo foi Marco Antônio Parzianello. Ele
alegava que Zwicker vendeu uma fazenda da qual não tinha o domínio. No Tribunal
de Justiça, a ação terminou com o provimento parcial dos pedidos da família de
Zwicker, com a condenação ao pagamento de parcelas atrasadas do negócio. As
terras não demarcadas permaneceram sob a posse da família Parzianello, pois a
Justiça considerou que elas faziam parte do negócio.
O
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) multou em junho fazendeiros e associações indígenas por causa da
produção – ilegal – de soja transgênica em terras indígenas, entre elas a TI
Pareci.
FAMÍLIA DE NABHAN TEM TERRAS EM SP E MS
Quando foi
candidato a deputado federal pelo PTB, em 2006, Nabhan Garcia declarou à
Justiça Eleitoral quase 1.500 hectares de terras em Nova Ubiratã (MT), nas
Fazendas Barro Preto e Atlântica. Elas foram declaradas por R$ 3,3 milhões,
quase a metade de seu patrimônio na época, de R$ 7 milhões.
Na região
de Nova Ubiratã, um grupo de fazendeiros ligados ao Sindicato Rural de
Paranatinga tenta evitar a demarcação da Terra Indígena Roro-Walu,
território tradicional da etnia Ikpeng. A área em estudo fica nos municípios de
Feliz Natal, Paranatinga, Gaúcha do Norte e Nova Ubiratã.
Essa
identificação foi iniciada em 2005 e suspensa por liminar da Justiça em 2016. O
processo de demarcação só foi retomado há dois meses, em setembro, quando o
Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1) derrubou a liminar.
O
sindicato afirma representar 50 fazendeiros com terras dentro do território
indígena. Alega que no território em análise estão 40 mil hectares de produção
de grãos, além de uma área destinada à pecuária. Na região ficam uma parte do
Parque Nacional do Xingu e outras duas terras indígenas demarcadas: uma delas,
a Marechal Rondon e Bakairi; a outra, a Hoohi, ambas em processo de estudos.
Paulista
de Presidente Prudente, Nabhan Garcia também afirmou ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) ser dono de pouco mais de 366 hectares em Sandovalina, no
interior paulista. No Mato Grosso, era sócio da Larissa Agropastoril, uma
empresa de extração de madeira. E, em São Paulo, da Ipezal Agropecuária.
Naquela época ele informou a seguinte profissão ao TSE: músico.
Atualmente,
segundo a Folha, Nabhan Garcia é dono de fazendas de soja, milho e algodão no
Mato Grosso, e de plantio de eucaliptos e pecuária no Mato Grosso do Sul –
onde, em Campo Grande, atua a família Parzianello, com a Fazenda Canta Galo.
CPI DA TERRA PEDIU INDICIAMENTO DO RURALISTA
Em 2005, o
relator da CPMI da Terra, João Alfredo (PSOL-CE) pediu o indiciamento de Nabhan
Garcia por porte ilegal de armas e contrabando. Durante a comissão, o ruralista
e a UDR foram investigados sob a acusação de organizarem milícias privadas na
região do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, com o objetivo de
intimidar o MST.
O
relatório foi derrubado pelo plenário da comissão e substituído por um
alternativo, elaborado pelo ruralista Abelardo Lupion(PFL-PR), próximo do
futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e cotado para ser
seu subchefe. A bancada do agronegócio na CPMI da Terra criminalizou o MST e
conseguiu evitar a quebra do sigilo da UDR.
Nabhan
Garcia disse na semana passada não saber qual será o orçamento para a
democratização do acesso à terra. “Pode ter certeza de que será muito menor,
mas muito menor de todo o dinheiro que foi gasto nessa favelização agrária do
Brasil”, afirmou.
“Reforma
agrária até hoje no Brasil foi uma vergonha, uma afronta à própria democracia”.