JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS EDIÇÃO DE Nº 2024 (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/BA, BRASIL. quinta - FEIRA. 25, 04, 2019 WHATSAPP E GRUPO DO WHATSAPP: 74 99907 9863
Documento
foi divulgado por ocasião dos 23 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, (PA).
O Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra, (MST), produziu um manifesto ao povo brasileiro neste mês de
abril por ocasião dos 23 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás
(PA) e dos ataques aos militantes das causas populares.
O documento ressalta as ameaças do
governo Bolsonaro, (PSL), à soberania nacional e convoca a população a lutar
pela efetivação de direitos básicos, pela reforma agrária e contra o fim das
políticas públicas de inclusão no país.
Confira na íntegra:
"Neste mês de abril de 2019,
mais uma vez, erguemos nossas bandeiras e levantamos nossos punhos em memória
de nossos mártires de Eldorado de Carajás e lembramos que em 17 de abril
completam-se 23 anos da impunidade do latifúndio. Nossas vozes de indignação e
nosso clamor por justiça se somam hoje às vítimas da empresa Vale, no sul do
Pará, em Mariana, Brumadinho e tantas outras comunidades ameaçadas por suas
dezenas de barragens irresponsáveis. Se erguem contra a impunidade dos
mandantes do assassinato de Marielle Franco e de muitos outros militantes das
causas populares.
Estamos solidários com as lutas dos
povos indígenas e quilombolas, atacados em suas terras pelos interesses do
agronegócio com aval do governo. Somos solidários e lutaremos sempre pela
liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, cuja prisão desrespeita a Constituição
e a vontade do povo brasileiro.
Vivemos tempos do aumento das
desigualdades, das injustiças e da violência contra o povo. Tempos de
sofrimento e de muitas tragédias, a maioria delas causada pela fúria insana do
capital em busca de soluções para a crise estrutural que o sistema capitalista
enfrenta em todo o mundo. Em períodos de crise, as alternativas das classes
dominantes buscam aprofundar a exploração dos trabalhadores e trabalhadoras e o
assalto aos recursos públicos e aos bens da natureza. Nesse momento, isso está
sendo feito através de uma descarada espoliação dos direitos dos trabalhadores
e trabalhadoras, conquistados a duras penas ao longo do último século e pela
privatização desenfreada dos bens comuns da natureza, se apropriando
ilegitimamente das terras, petróleo, minérios, água e da biodiversidade. O peso
da crise é jogado sobre as costas do povo, com aumento do desemprego, corte da
bolsa família, diminuição dos salários, paralisação dos programas de moradia, e
bolsas na universidade. E agora querem acabar com a aposentadoria dos pobres e
os benefícios do INSS vinculados ao salario mínimo.
O atual governo ganhou as eleições
manipulando a vontade popular e impedindo a participação do Lula no pleito. O
grande capital o colocou ali para cumprir essa agenda neoliberal perversa. Foi
eleito para manter os privilégios dos que historicamente saquearam o país e
atacam os direitos da classe trabalhadora.
Não devemos combater as cortinas de
fumaça, nem nos distrair com os arroubos de ignorância. Este é um governo
escolhido pelo capital financeiro, formado pelos setores mais entreguistas e
antinacionais da classe dominante, verdadeiros funcionários de petrolíferas e
de bancos internacionais, fardados ou não. Trata-se de um governo no qual os
interesses dos bancos e dos Estados Unidos estão acima de tudo e de todos, como
ficou evidente na postura submissa da entrega da Base de Alcântara, da Embraer
e da reunião do Presidente e ministros com a CIA e o FBI.
O Governo deveria cumprir a
Constituição e ter um programa de defesa dos interesses do povo. Os problemas
das pessoas não se resolvem com ameaças, repressão ou fanfarronices no Twitter.
Este governo envergonha o povo brasileiro, ofende nossa história e os valores
humanistas. Esperamos que seja o mais breve possível. E que as contradições
abertas pelos problemas sociais que se aprofundam possam se transformar em
lutas e organização do povo, para enfrentá-los.
Queremos denunciar, especialmente,
que este governo está enterrando a reforma agrária, acabando com o INCRA e
todas as políticas públicas de apoio e fortalecimento da agricultura familiar e
camponesa. Há um aparelhamento e subordinação dos órgãos públicos da
agricultura aos interesses da bancada ruralista, dos fazendeiros e das empresas
transnacionais do agronegócio. Entendemos que estas medidas atingem não apenas
os camponeses, os povos indígenas e quilombolas, mas todo o povo, com aumento
do desemprego, com a migração forçada, liberação dos agrotóxicos e exclusão dos
serviços públicos. Há, no Brasil, em torno de cem mil famílias de sem-terras
acampados, esperando pela reforma agrária. E outras 800 mil famílias
assentadas, à margem das políticas públicas que foram eliminadas. O que o
governo quer? Escondê-las, reprimi-las?
A reforma agrária é uma política de
Estado, em que a Constituição determina que o governo desaproprie a todas as
grandes propriedades improdutivas que não cumpre função social, que tenham
trabalho escravo, crimes ambientais, contrabando e plantas psicotrópicas. E as
distribuam aos trabalhadores. Não fazer reforma agrária é descumprir a Lei, que
eles dizem defender. Não fazer reforma agrária é aumentar a concentração do
latifúndio, a pobreza e a desigualdade na sociedade brasileira.
Seguiremos nossa luta em defesa da
reforma agrária, da agroecologia e da agricultura camponesa, para que todos
tenham acesso a alimentos saudáveis. Em defesa da educação pública com gestão
democrática, sem privatizações e mordaças. Em defesa das empresas estatais, da
soberania nacional e contra a submissão do Brasil aos interesses dos Estados
Unidos.
Conclamamos o povo brasileiro a
seguir em luta pelo direito de todos ao trabalho, aposentadoria, moradia, emprego,
educação, saúde e cultura. Por democracia, justiça social e defesa da natureza
como bem comum
Lutar,
construir Reforma Agrária Popular!
Coordenação Nacional do MST
Brasil, Abril de 2019".
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