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10 de abril de 2019

Agricultores denunciam uso de agrotóxico como arma química em fazenda de Daniel Dantas.


JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS  EDIÇÃO DE Nº2007, (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/BA, BRASIL.   Quata - FEIRA 08, 10, 2019 WHATSAPP E GRUPO DO WHATSAPP: 74 99907 9863.



         Ataque de glifosato a sem-terra acampados em fazenda do banqueiro em 2018 tem impactos na saúde até hoje. Para promotora de Marabá, trata-se de “prática criminosa” e “sistemática”.

         Quando chegou ao km 55 da rodovia BR-155, João de Deus Melo Oliveira, o “irmão João”, logo percebeu o cheiro empesteando o ar: seus olhos lacrimejaram e, das narinas à garganta, um ardor se espalhou. Era o final da tarde do dia 17 de março de 2018 e João de Deus e outros agricultores retornavam ao acampamento Helenira Rezende, na zona rural do município de Marabá, sudeste do Pará, depois de uma visita à cidade. “O veneno estava tão forte que dentro do carro a gente sentiu”, conta o agricultor de 56 anos.



         Durante toda a tarde, uma pequena aeronave fez sobrevoos na região. Ao redor dos barracos, as plantas murcharam; a urtiga amarelou. E, no dia seguinte, João de Deus sentiu um “desânimo na carne” que o acompanha até hoje.


         Esses foram alguns dos primeiros sintomas relatados pelas famílias do acampamento, cuja ocupação foi iniciada no dia 1º de março de 2009 nas terras do complexo Cedro, área reivindicada pela Agropecuária Santa Bárbara Xinguara S.A., empresa que pertence ao banqueiro Daniel Dantas.


         A pulverização gerou um inquérito policial que concluiu não ter ocorrido irregularidade na aplicação do agrotóxico. O caso também chegou ao Ministério Público do Meio Ambiente de Marabá, que arquivou o procedimento por falta de provas.


         Mas, para os agricultores, não há dúvida de que se tratou de um “ataque químico”. Eles dizem que os sintomas observados naquele dia e as sequelas relatadas até hoje são resultado dos agrotóxicos pulverizados pela aeronave. As cerca de 150 famílias que se dizem vítimas do ataque e a Agropecuária Santa Bárbara, responsável pela pulverização, estão em lados opostos em uma disputa judicial que completou dez anos em março de 2019. Segundo os acampados, que querem a terra para reforma agrária, parte da área foi grilada.


         Procurada diversas vezes por telefone e por e-mail, a Agropecuária Santa Bárbara não retornou até a publicação desta reportagem.


          Esse não é o único relato do tipo. Desde 2013, três acampamentos de agricultores sem-terra foram atacados com pulverização aérea no sudeste do Pará, assim como a comunidade quilombola do Tiningu, município de Santarém, no oeste do estado – o que sugere uma estratégia deliberada dos fazendeiros da região na disputa pela terra.


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