ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS
EDIÇÃO DE Nº 2954
CAMPO ALEGRE DE LOURDES/ BA, BRASIL.
e-mail: angicodosdias2014@gmail.com
domingo, 17/ 03/ 2025.
A |
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menos quatro fugitivas dos ataques de 8 de Janeiro foram presas ao tentar
entrar ilegalmente nos EUA — três delas no dia seguinte à posse de Donald
Trump, em janeiro.
A informação foi confirmada ao portal
UOL pela ICE, a Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA, que também afirmou
que as foragidas “aguardam a expulsão para seus países de origem”.
As mulheres — três condenadas por
crimes no 8/1, entre eles, tentativa de golpe de Estado, e uma ré com mandados
de prisão no Brasil — estão detidas em solo estadunidense há mais de 50 dias.
O serviço de patrulhamento das
fronteiras não detalhou “por questões de privacidade” em que condições foram
detidas — se em postos de imigração ou se em locais na fronteira onde a
travessia costuma ser feita com coiotes.
As quatro fugitivas fazem parte do
grupo de militantes que deixou o Brasil a partir do primeiro semestre de 2024 e
se fixou na Argentina. No final do ano, ameaçadas por pedidos de extradição do
STF (Supremo Tribunal Federal), fugiram novamente, rumo aos EUA. O objetivo era
conseguir refúgio político com o governo de Donald Trump, aliado do ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL).
Raquel Souza Lopes, de Joinville
(SC), tentou entrar nos EUA em 12/1. Está presa na detenção da ICE em
Raymondville, no Texas; Rosana
Maciel Gomes, de Goiânia (GO); Michely Paiva Alves, de Limeira (SP), e
Cristiane da Silva, de Balneário Camboriú (SC), tentaram entrar nos EUA em
21/1. Estão presas na detenção da ICE em El Paso, no Texas.
Na véspera da prisão do trio, Trump
prometeu — ao assumir a presidência — fazer deportações em massa de imigrantes
ilegais. “Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e começaremos o
processo de devolver milhões e milhões de criminosos estrangeiros aos lugares
de onde vieram.”
Outros foragidos do 8/1 continuam na
Argentina, Colômbia e Peru, entre outros países da América Latina, segundo
informaram policiais estrangeiros e fontes à reportagem.
Eles se dizem perseguidos políticos por
defenderem Bolsonaro, derrotado nas urnas em 2022. Alegam que não praticaram os
crimes de tentativa de golpe de Estado e nem de dano ao patrimônio público na
invasão aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
“Criou-se uma narrativa de que os atos
de 8 de janeiro não se trataram de meras ações de vandalismo, mas da tentativa
de deposição do atual governo”, diz relatório da associação dos investigados no
episódio, a Asfav. Para a entidade, penas de prisão de até 17 anos são
“duríssimas”.
Governo dos EUA diz preparar deportação
Raquel tentou
entrar pela cidade de La Grulla (leste da fronteira do Texas), segundo informou
a ICE ao UOL. Nove dias depois, foi a vez de Rosana, Michely e Cristiane tentarem ingressar por El Paso, a mais de 1.100 km a
oeste de La Grulla.
Segundo a ICE, as quatro prisões foram
feitas pelo patrulhamento de fronteira porque elas “entraram ilegalmente no
país”.
“A Patrulha de Fronteira dos EUA
prendeu as […] estrangeiras no mesmo dia e as processou como expulsões
aceleradas”, disse nota da ICE à reportagem.
As chamadas “expulsões aceleradas” são
processos mais rápidos de deportação. A medida é usada “para deportar muitos
estrangeiros sem uma audiência diante de um juiz de imigração”, afirma a ONG
estadunidense Liberdade para os Imigrantes, que trabalha para acabar com as
prisões por imigração.
O Itamaraty informou que, por razões
legais, “não fornece informações detalhadas sobre assistência a cidadãos
brasileiros”.
Saiba mais sobre as fugitivas presas:
Raquel de Souza Lopes, 51, de Joinville (SC).
Foi condenada a 17
anos de prisão por cinco crimes no 8/1, como
golpe de Estado, associação criminosa e dano a patrimônio público. Tem mandado
de prisão em aberto no Brasil. Raquel nega ter destruído bens.
Em abril passado, saiu do país com um
grupo de militantes por meio da fronteira seca no norte de Santa Catarina com a
Argentina. Permaneceu até 17 de novembro no país vizinho, quando fugiu de
Buenos Aires com outro grupo de militantes após a Justiça argentina mandar
prender foragidos alvos de pedidos de extradição do STF.
No Chile, cruzou o deserto do Atacama
e chegou ao Peru pela cidade de Santa Rosa. Rumou para a Colômbia e chegou ao
México. Em 12 de janeiro, tentou entrar nos EUA pela cidade de La Grulla, no
Texas. No dia 19, foi transferida para a Unidade de Detenção da ICE El Valle,
em Raymondville.
Sua advogada no STF abandonou o caso
em dezembro. Em conversa com o UOL, o filho de Raquel, Acenil Francisco, disse
que a família “está correndo atrás de um advogado para fazer a defesa dela”.
Rosana Maciel Gomes, 51, de Goiânia (GO)
Rosana foi condenada a 14 anos de prisão por cinco crimes no
8/1. Tem dois mandados de prisão em aberto e uma ordem de extradição
na Argentina.
Fugiu do Brasil em janeiro de 2024,
quando chegou ao Uruguai. Em abril, estava em Buenos Aires. Em novembro, deixou
a Argentina com um grupo rumo aos EUA. Passou pelo Peru, Colômbia e chegou ao
México. Foi presa em El Paso (EUA), em 21 de janeiro. Em 27 de janeiro, foi
transferida para a detenção da ICE na mesma cidade.
Segundo sua defesa no STF, “quando
[Rosana] entrou no Palácio do Planalto viu que os bens públicos estavam
danificados e não danificou qualquer bem, tanto que ficou em estado de choque de
ver uma situação daquela”. A defesa dela disse que não poderia comentar sua
situação no exterior.
Amigos de Rosana Maciel procuraram
ajuda do consulado brasileiro em Houston, no Texas.
Michely Paiva Alves, 38, de Limeira (SP)
A comerciante Michely é ré por cinco crimes no 8/1. Chegou a se
candidatar a vereadora de sua cidade pelo Podemos enquanto respondia a processo
criminal no STF. Tem mandado de prisão em aberto.
A PF encontrou provas de que ela
organizou e financiou um ônibus com 30 pessoas, de Limeira para Brasília, para
irem aos ataques de 8/1. O frete custou R$ 12 mil, dos quais R$ 6.500 pagos por
Michelle. Ela admitiu o negócio aos investigadores e disse que chamou pessoas
que estavam em frente à unidade do Exército em Limeira.
A defesa dela disse que “não há
provas de que a acusada depredou o Congresso Nacional, bem como [de que] participa
de movimentos criminosos”.
Em setembro, fugiu para a Argentina.
No mês seguinte, embarcou com militantes para os EUA. Passou pelo Peru,
Colômbia e México. Foi presa em El Paso em 21 de janeiro e se encontra detida na
mesma cidade.
Cristiane da Silva, 33, de Balneário Camboriú (SC).
A garçonete foi
condenada pelo STF a um ano de prisão por associação criminosa e incitação ao
crime no 8/1. Tem mandado de
prisão no Brasil.
A defesa dela afirmou ao STF que
Cristiane “não estava envolvida no protesto e sequer esteve acampada durante
dias” para incitar as Forças Armadas a darem um golpe. Ela disse que foi a
Brasília “para passear”. À PF, afirmou que pagou R$ 500 na passagem de um coletivo
que transportou militantes.
Cristiane fugiu em junho de 2024 para
Buenos Aires. Em novembro, juntou-se a outros militantes e fugiu para os EUA.
Passou por Peru, Colômbia e México. Foi presa em El Paso e está detida na mesma
cidade
A defesa de Cristiane afirma que
estão sendo tomadas medidas para resolver a situação dela nos EUA.
Com informações do UOL.
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