ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS
EDIÇÃO DE Nº 2933
CAMPO ALEGRE DE LOURDES/ BA, BRASIL.
e-mail: angicodosdias2014@gmail.com
domingo, 02/ 03/ 2025.
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presidente Lula e o governo federal escolheram a cautela diante do anúncio do presidente americano, o extreemista Donald Trump, de taxar em 25% as importações americanas de aço, a princípio, destinando 48% da sua produção para os EUA.
Foto: Rede social do Presidente Lula.
O Brasil seria um dos países mais atingidos, com prejuízos calculados em US$ 6 bilhões nas vendas, como a taxação americana já era esperada, a forma de reagir já era discutida há alguns dias e a opção do governo e de empresários foi esperar para ver no que vai dar.
Primeiro, porque há uma avaliação de
que o estrago seria maior justamente para multinacionais como ArcelorMittal e
Ternium e menores para as brasileiras Gerdau e CSN. Segundo, porque a taxação
também pode ser interpretada como uma manobra de Trump para negociar.
Josias de Souza lembra que, em 2018,
Trump também impôs tarifas de 25% sobre o aço. Duas semanas depois,
suspendeu-as para negociar. Depois, as tarifas viraram cotas e, no final do
mesmo ano, nem a cota havia mais. Além disso, quando George W. Bush usou o
mesmo mecanismo, o efeito a longo prazo foi o contrário, prejudicando a própria
indústria americana. É verdade, porém, que a margem de manobra brasileira
também é curta, sem as mesmas ferramentas de retaliação que a União Europeia e
sem poder contar com a OMC, esvaziada por Trump. Mais do que econômico, o
impacto de Trump parece ser mais político.
Como analisa Pedro Marin, o Itamaraty
não se preparou para o significado da eleição de Trump e para uma mudança da
política externa americana, em que o vacilante Biden deu lugar à estratégia de
entrar solando em temas como Gaza, Ucrânia e a questão ambiental, reduzindo
qualquer espaço de protagonismo para um país emergente.
Com exceção do tema palestino, a
opção brasileira é não comprar briga e não se transformar num polo anti-Trump,
o que é um problema quando se está na presidência dos Brics, principal
contraponto ao poder americano.
Talvez o Planalto até se aproveite
do fato que os estados mais prejudicados pela taxação do aço sejam governados
por admiradores trumpistas como São Paulo, Minas e Goiás, Mas, ao mesmo tempo,
é inegável que Trump está alimentando os dois setores mais raivosos da
oposição, o bolsonarismo e a Faria Lima.
Passando a petrolada. O efeito Trump
parece ter contagiado até o Planalto. Se o americano se elegeu prometendo
?perfurar, baby, perfurar?, Lula cobrou, nesta semana, o ?fim da lenga-lenga do
Ibama? sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas.
Além de Trump, Lula acabou comparado
até com Bolsonaro quando insinuou que é um órgão contra o governo. Na prática,
o presidente preferiu apostar na política imediatista, afagando David
Alcolumbre e alimentando os sonhos eleitorais de um novo pré-sal.
Mas, a declaração também sinaliza que
a COP 30 no Brasil pode seguir a mesma tendência das anteriores, onde o
petróleo deixou de ser o vilão para ser o protagonista que dá as cartas.
E pior, a frase vem justamente no
momento em que o planeta registrou as maiores temperaturas da história em
janeiro e as previsões para a próxima semana são ondas de calor com sensação
térmica que pode chegar a 70ºC.
No Rio Grande do Sul, além da seca na
agricultura, o sindicato dos professores duela com o governo do Estado para
suspender as aulas por conta do calor extremo. Não associar a temperatura à
exploração de petróleo seria negacionismo.
Para piorar, no dia seguinte à
entrevista de Lula, uma barragem de rejeitos de mineração operada
?informalmente? por uma ?empresa desconhecida? estourou a poucos quilômetros de
Macapá, num exemplo da capacidade dos poderes públicos lidarem com a
fiscalização ambiental na região.
.Esqueleto no armário.
Desde que assumiu seu terceiro mandato, um dos grandes desafios de Lula tem
sido enfrentar o legado golpista dentro e fora das forças armadas. Mesmo aquém
das expectativas, as instituições reagiram investigando e prendendo envolvidos,
inclusive um general quatro estrelas (Braga Netto) e abrindo caminho para uma
possível prisão de Bolsonaro.
Mas a mudança no comando da Câmara
reavivou o esforço da bancada bolsonarista para anistiar os envolvidos no 8 de
janeiro, rompendo o acordo de cavalheiros feito com o recém-empossado Hugo
Motta.
Dificilmente a proposta vai
prosperar, assim como reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, mas o importante
é manter acesa a chama da oposição, já que em Brasília o clima já é
pré-eleitoral. Falando em golpismo, não é só dentro do Congresso que o passado
tende a não passar.
O governo também carrega seus
próprios esqueletos no armário e um deles chama-se José Múcio, que recentemente
saiu em defesa dos envolvidos no 8 de janeiro.
O livre trânsito do ministro da
Defesa com os generais golpistas pode inclusive render argumentos para a defesa
de Bolsonaro. Mesmo assim, este é o caso de um ministro blindado e que não
entrará em qualquer reforma ministerial. É verdade que em algumas ocasiões
Múcio atuou como mediador, como na questão espinhosa da reforma da previdência
das forças armadas que sofre forte resistência dentro da caserna.
Mas, a verdade é que ele sempre foi
mais um representante dos interesses militares dentro do governo do que o
contrário. Não por acaso, sua nova campanha é engordar o orçamento das forças
armadas com a justificativa de que a eleição de Trump aumentou a instabilidade
no continente e exige maiores investimentos na defesa nacional. Se o governo
não reage em relação aos militares, felizmente há um Flávio Dino no STF para
lembrar que os tempos mudaram e que para certos crimes cometidos pela ditadura
não pode haver anistia. Mas Lula não quer guerra com ninguém, e se depender
dele, 2026 vai chegar e José Múcio vai poder dizer com Ainda estou aqui!?.
Ponto Final: nossas recomendações.
A Transparência Internacional e a
indústria da anticorrupção. Luis Nassif alerta para a volta da ONG
anticorrupção que apoiou a Lava Jato. No Jornal GGN.
O que dizem os nomes das
favelas de São Paulo. A Agência Mural mapeou os nomes das 1.359 favelas
paulistanas e encontrou histórias comuns.
Clima é de impunidade 20 anos após
morte de Dorothy Stang. De 2005 para cá, pouca coisa mudou em Anapu, no Pará.
Veja no DW.
Cem vezes viva: a travessia de
Elizabeth Teixeira. O ex-ministro Roberto Amaral presta homenagem à líder
camponesa que comemora seu centenário. No Brasil de Fato.
Hattie McDaniel. Primeira pessoa
negra a vencer o Oscar, a atriz foi impedida de participar da celebração pelas
leis de segregação dos EUA. Sua carreira é relembrada pela Nós.
A alegria de ler. O Instituto Tricontinental relembra o papel da leitura nos processos revolucionários.
Ponto é escrito por Lauro
Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.
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