JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS EDIÇÃO DE Nº 20120 (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/ BA, BRASIL. TERÇA - FEIRA. 16, 07, 2019 WHATSAPP E GRUPO DO WHATSAPP: 74 99907 986
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procurador da República Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa da Lava Jato, montou um plano de negócios para
lucrar com eventos e palestras na esteira da fama e dos contatos conseguidos
durante a operação, mostram mensagens obtidas pelo Intercept e analisadas em
conjunto com a equipe da Folha de S.Paulo.
Conhecereis a verdade e a verdade vos ferrará. |
Em um chat sobre o tema criado no fim
de 2018, Dallagnol e um colega da Lava Jato discutiram a constituição de uma
empresa na qual eles não apareceriam formalmente como sócios, para evitar
questionamentos legais e críticas. A ideia era usar familiares.
Os procuradores também cogitaram a
criação de um instituto sem fins lucrativos para pagar altos cachês a eles
mesmos, além de uma parceria com uma firma organizadora de formaturas para
alavancar os ganhos do projeto.
A lei não proíbe que procuradores
sejam sócios, investidores ou acionistas, desde que não tenham poderes de
administração ou gestão da empresa. Os chats examinados pela Folha e pelo
Intercept indicam que Dallagnol ocupou os serviços de duas funcionárias da
Procuradoria em Curitiba para organizar sua atividade pessoal de palestrante no
decorrer da Lava Jato.
As conversas mostram ainda que o
procurador incentivava outras autoridades ligadas ao caso a realizar palestras
remuneradas, entre eles o ex-juiz e atual ministro da Justiça e da Segurança Pública,
Sergio Moro, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e outros
procuradores que atuaram no escândalo de corrupção.
Pouco antes do primeiro aniversário da
Lava Jato, em fevereiro de 2015, a dedicação de Dallagnol ao trabalho de
palestrante já gerava descontentamento entre os colegas da Procuradoria em
Curitiba. Em um chat com o procurador Carlos Fernando Santos Lima, no
aplicativo Telegram, o procurador buscou justificar sua atividade, dizendo que
ela compensava um prejuízo financeiro decorrente da Lava Jato.
"Estou a favor de maior
autonomia, mas não me encham o saco, pra usar sua expressão, a respeito de como
uso meu tempo. To me ferrando de trabalhar e ta parecendo a fábula do velho, do
menino e do burro. Uns acham que devo atender menos a SECOM, outros que é
importante. Uns acham que devo acompanhar cada um, outros acham que os grupos
devem ter mais liberdade. E chega de reclamar dos meus cursos ou viagens. Evito
dormir nos voos pra render. To até agora resolvendo e-mails etc", desabafou
Dallagnol.
“Essas viagens são o que compensa a
perda financeira do caso, pq fora eu fazia itinerancias e agora faria
substituições. Enfim, acho bem justo e se reclamar quero discutir isso porque
acho errado reclamar disso”, continuou Dallagnol no mesmo chat.
Dallagnol se refere a dois tipos de
trabalho no Ministério Público que podem engordar o contracheque. A itinerância
é quando um procurador substitui as funções de outro, geralmente em outras
cidades, com recebimento de diárias. Como integrante de uma força-tarefa que
exige dedicação exclusiva, ele foi impedido de ocupar posições fora de
Curitiba. Já no caso das substituições, o membro do MP assume o cargo de outro
– como alguma função de chefia –, mas de forma mais modesta.
“Acho que o crescimento é via de mão
dupla. Não estamos em 100 metros livres. Esse caso já virou maratona. Devemos
ter bom senso e respeitar o bom senso alheio”, completou o procurador.
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