JORNAL, ONLINE, ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS EDIÇÃO DE Nº 20129 (PUBLICAÇÕES NO BLOG). CAMPO ALEGRE DE LOURDES/BA, BRASIL. SEGUNDA - FEIRA. 22, 07, 2019
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aiu a nova bomba da Vaza Jato:
Dallagnol disse que o senador pelo PSL, Flávio Bolsonaro, filho do presidente
da República, “certamente” seria implicado no esquema de Fabrício Queiroz. O
procurador, no entanto, demonstrou uma preocupação: ele temia que Moro não
perseguisse a investigação, por ser parte do governo Bolsonaro – e Moro, de
fato, não agiu.
Da newsletter do Intercept – Em
chats secretos, Deltan Dallagnol, coordenador da operação Lava Jato, concordou
com a avaliação de procuradores do Ministério Público Federal de que Flávio
Bolsonaro mantinha um esquema de corrupção em seu gabinete quando foi deputado
estadual no Rio de Janeiro. Segundo os procuradores, o esquema, operado pelo
assessor Fabrício Queiroz,
seria similar a outros escândalos em que deputados estaduais foram acusados de
empregar funcionários fantasmas e recolher parte do salário como contrapartida.
Flávio Bolsonaro. Fabrício Queiroz. |
Dallagnol disse que o hoje senador
pelo PSL Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, “certamente” seria
implicado no esquema. O procurador, no entanto, demonstrou uma preocupação: ele
temia que Moro não perseguisse a investigação por pressões políticas do então
recém eleito presidente Jair Bolsonaro e pelo desejo do juiz de ser indicado
para o Supremo Tribunal Federal, o STF. Até hoje, como presumia Dallagnol, não
há indícios de que Moro, que na época das conversas já havia deixado a 13ª Vara
Federal de Curitiba e aceitado o convite de Bolsonaro para assumir o Ministério da
Justiça, tenha tomado qualquer medida para investigar o esquema de
funcionários fantasmas que Flávio é acusado de manter e suas ligações com
poderosas milícias do Rio de Janeiro.
O escândalo envolvendo Flávio, que
vinha dominando as manchetes, desapareceu da mídia nos últimos meses. A
investigação, nas mãos do Ministério Público do Rio, parece ter entrado em um
ritmo bem mais lento do que o esperado para um caso dessa gravidade. Moro
tampouco dá sinais de que está interessado nas ramificações federais do caso – como o suposto
empréstimo de Queiroz para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Nas
poucas vezes em que respondeu a questionamentos sobre a situação do filho do
presidente, ele repetiu que “não há nada
conclusivo sobre o caso Queiroz” e que o governo não pretende
interferir no trabalho dos promotores. Entretanto, o caso voltou aos
noticiários na segunda-feira, 15 de julho, quando o presidente do STF, Dias
Toffoli, atendeu ao pedido de Flávio Bolsonaro e suspendeu as
investigações iniciadas sem aprovação judicial envolvendo o uso
dos dados do Coaf, órgão do Ministério da Economia que monitora transações
financeiras para prevenir crimes de lavagem de dinheiro.
No dia 8 de dezembro de 2018,
Dallagnol postou num grupo de chat no Telegram chamado Filhos do Januario 3,
composto de procuradores da Lava Jato, o link para um reportagem no UOL sobre
um depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz numa conta em nome da primeira-dama,
Michelle Bolsonaro. Segundo o texto, a “transação foi apontada como “atípica”
pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e anexado a uma
investigação do Ministério Público Federal, na Lava Jato”. “Queiroz movimentou
R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A comunicação do Coaf
não comprova irregularidades, mas indica que os valores movimentados são
incompatíveis com o patrimônio e atividade econômica do ex-assessor”, escreve o
UOL.
A notícia levou Dallagnol a pedir a
opinião dos colegas sobre os desdobramentos do caso, e sobre como seria a
reação de Moro. A procuradora Jerusa Viecilli, crítica da aproximação de Moro
com o governo Bolsonaro, respondeu “Falo nada … Só observo ”. Dallagnol
manifestou sérias preocupações com a forma que o ministro da Justiça conduziria
o caso, sugerindo que o ex-juiz poderia ser leniente com Flávio, seja por
limites impostos pelo presidente ou pela intenção de Moro de não pôr em risco
sua indicação ao Supremo: “É óbvio o q aconteceu… E agora, José?”, digitou o
procurador. “Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo
acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”, escreveu. Dallagnol completou,
sobre o presidente: “Agora, o quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupcao
se o filho dele vai sentir a pauta na pele?”
8 de dezembro de 2018 – grupo Filhos do
Januario 3
Deltan Dallagnol – 00:56:50
– https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/12/07/bolsonaro-diz-que-ex-assessor-tinha-divida-com-ele-e-pagou-a-primeira-dama.htm
Dallagnol –
00:58:15 – [imagem não encontrada]
Dallagnol – 00:58:15 –
[imagem não encontrada]
Dallagnol
– 00:58:38 – COAF com Moro
Dallagnol – 00:58:40 – Aiaiai
Julio
Noronha – 00:59:34 –
Dallagnol – 01:04:40 – [imagem
não encontrada]
Januário Paludo –
07:01:20 – Isso lembr
Paludo – 07:01:48 – Lembra algo
Deltan?
Paludo – 07:03:08 – Aiaiai
Jerusa Viecilli – 07:05:24 –
Falo nada ... Só observo
Dallagnol – 08:47:52 – Kkk
Dallagnol – 08:52:01 – É óbvio
o q aconteceu... E agora, José?
Dallagnol – 08:53:37 – Moro
deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho certamente. O
problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode
indicar o rolo dos empréstimos?
Dallagnol – 08:54:21 – Seja
como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de
aparecer vaga no supremo?
Dallagnol – 08:58:11 – Agora,
Bolso terá algum interesse em aparelhar a PGR, embora o Flávio tenha foro no
TJRJ. Última saída seria dar um ministério e blindar ele na PGR. Pra isso,
teria que achar um colega bem trampa
Athayde Ribeiro Costa – 08:59:41 – É so
copiar e colar a ultima denuncia do Geddel
Roberson Pozzobon – 09:02:52 – Acho
que Moro já devia contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse
Pozzobon – 09:03:19 – A questão
é quanto ele estará disposto a ficar no cargo com isso ou se mais disso vir
Dallagnol – 09:04:38 – Em
entrevistas, certamente vão me perguntar sobre isso. Não vejo como desviar da
pergunta, mas posso ir até diferentes graus de profundidade. 1) é algo que
precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução de parte
dos salários como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas.
Dallagnol – 09:05:54 – Agora, o
quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupcao se o filho dele vai sentir a
pauta na pele?
Andrey Borges de Mendonça –
09:21:16 – Uma vez pedi no caso da custo brasil e o pt alegou q era
impenhorável segundo a lei eleitoral. O juiz acabou desbloqueando sem ouvir a
gente. Mas confesso q nao sei se procede.
Paludo – 09:37:52 – Tem que
investigar. E isso que ele sempre diz. Na pior das hipóteses, Podem ir os anéis
(filho e mulher), mas ficam os dedos. Seria muito traumático o general assumir
no lugar dele.
Viecilli
– 10:06:32 – [imagem não encontrada]
Viecilli – 10:06:51 –
Dallagnol – 10:22:31 Rsrsrs
Dallagnol – 10:39:47 – [imagem
não encontrada]
Dallagnol – 10:41:04 – [imagem
não encontrada]
Antonio Carlos Welter –
10:52:11 – O $$ termina na conta da esposa. Vao argumentar que alimentou a
campanha. Periga terminar em AIME
A
força-tarefa da Lava Jato e os procuradores citados no texto foram procurados
para comentários, mas não responderam até a publicação da reportagem. Se o
fizerem, atualizaremos o texto.
A
situação de Moro – como investigar um caso de corrupção envolvendo o filho do
presidente que o indicou ao cargo, ou, ainda corrupção envolvendo o próprio
presidente e seus familiares? – levou Deltan a considerar evitar entrevistas
sobre foro privilegiado por temer perguntas sobre o caso envolvendo Flávio.
No
mesmo dia que o grupo conversou sobre o caso Queiroz, Dallagnol conversou com
Roberson Pozzobon, também procurador na operação Lava Jato, em um chat privado.
Eles aprofundaram a preocupação com entrevistas nas quais a situação de Flávio
Bolsonaro poderia ser abordada.
Ao
contrário de sua usual ânsia em falar publicamente sobre outros casos de
corrupção, Deltan deu a entender que estava relutante em fazer uma condenação
mais severa de Flávio por temer as consequências políticas de desagradar o
presidente – exatamente como sugeriu que Moro pudesse agir.
8 de dezembro de 2018 – chat
privado
Roberson Pozzobon – 09:12:41 –
Em entrevistas, certamente vão me perguntar sobre isso. Não vejo como desviar
da pergunta, mas posso ir até diferentes graus de profundidade. 1) é algo que
precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução de parte
dos salários como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas.
Pozzobon – 09:13:05 – Tava
escrevendo esse tuíte agora mesmo
Pozzobon – 09:13:11 –
“Informação de que um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito pelo
PSL, Flávio Bolsonaro, movimentou 1,2 milhão de reais entre 2016 e 2017”. Se
deve ser investigado? É certo que sim. É para isso que servem os relatórios de
inteligência financeira do COAF. Pontuar as suspeitas no meio de bilhões de
transações diáriashttps://www.terra.com.br/noticias/brasil/movimentacao-atipica-de-ex-assessor-de-flavio-bolsonaro-pode-levar-a-investigacao,8bb3ff45edd7744a4cad8dab9d014e87963u9zqu.html
Dallagnol – 10:04:00 – Não sei
se convém o nível 2. Não podemos ficar quietos, mas é neste momento um pouco
como com RD. Vamos depender dele pra reformas... Não sei se vale bater mais
forte
Pozzobon –10:07:15 – Pois é
Pozzobon – 10:07:26 – To na msm
dúvida
Depois
de sugerir diferentes declarações que poderiam dar sobre o caso de Flávio,
Dallagnol concluiu: “Só pode ser lido como chapa branca”. Pozzobon concordou e deu
o seu veredito: “O silêncio no caso acho que é mais eloquente”.
Um
mês e meio depois, no dia 21 de janeiro de 2019, no mesmo grupo, Dallagnol
disse ter sido convidado pelo Fantástico, da rede Globo, para uma entrevista
sobre foro privilegiado (a emissora preferiu não comentar o assunto). O
procurador estava ansioso para falar do caso que a produção do programa indicou
ser o foco da matéria – denúncias envolvendo o deputado federal Paulo Pimenta,
do PT –, mas relutou em aceitar o convite por receio de que tivesse que falar
também das tentativas de Flávio Bolsonaro de usar o foro privilegiado para
barrar as investigações, mesmo que o caso tenha ocorrido quando ainda era
deputado estadual, antes de sua posse como senador.
Dallagnol
expressou sua relutância, calculando que o risco de ter que tratar do assunto
era maior que os eventuais benefícios da entrevista: “Eu não vejo que tenhamos
nada a ganhar porque a questão do foro já tá definida.” Os colegas da Lava Jato
concordaram que a melhor opção era rejeitar o convite do Fantástico para evitar
o que chamaram de um “bola dividida Flávio Bolsonaro” (a emissora preferiu não
comentar o assunto).
21 de janeiro de 2019 – grupo
Filhos do Januario 3
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem encaminhada] Pessoal, temos um pedido de entrevsita do
fantástico sobre foro privilegiado. O caso central é bom, envolvendo o Paulo
Pimenta, se isso for verdade rs. O risco é eles decidirem no fim focar no Flávio Bolsonaro eusarem nossas falas nesse
outro contexto. De um modo ou de outro, o que temos pra falar é a mesma coisa.
Além disso, algumas informações que buscam não temos (são da PGR). A questão é
se é conveniente darmos entrevista para essa reportagem ou não. Eu não vejo que
tenhamos nada a ganhar porque a questão do foro já tá definida. Diferente de
uma matéria sobre prisão em segunda instância...
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem encaminhada] Dr.,
Geovani, da RBS vai mandar e-mail pedindo entrevista com vc para o Fantástico.
Matéria ésobre foro privilegiado. Eles levantaram uma história sobre o Paulo
Pimenta que responde a um processo que desceu do STF. E tb vão abordar a
questão do caso do filho do Bolsonaro/Queiroz.
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem encaminhada] Ele
pediu a entrevista para até quarta-feira. Assim que o e-mail chegar, colocamos
aqui.
Dallagnol – 16:44:44 – [mensagem encaminhada] Prezados,
boa tarde Domingo, iremos exibir, no Fantástico, uma reportagem na qual iremos
abordar um processo por estelionato a que o deputado Paulo Pimenta responde no
Supremo. Teremos uma entrevista exclusiva de um primo dele, laranja de um
esquema envolvendo compra e venda de arroz, com envolvimento do ex-diretor do
Dnit, Hideraldo Caron. Essa suspeita contra o Pimenta será nosso principal case
numa reportagem sobre os casos em que políticos perderam o foro, devido ao
entendimento do Supremo de que a prerrogativa só existe para crimes cometidos
durante o mandato e que dizem respeito ao mandato. Assim, citaremos também o
caso F. Bolsonaro, que surgiu após o início da nossa apuração. Iremos incluir,
ainda, um levantamento do STF mostrando a quantidade de processos que baixaram
para o primeiro grau, os políticos que possuem maior número de processos, etc.
Assim, pergunto se o doutor Deltan poderia gravar conosco, para falar dos
reflexos da restrição do foro para os envolvidos na Lava-Jato e também sobre a
questão do foro, em si. Vocês tem um levantamento de quantos políticos
investigados estão nessa situação, ou seja, já estão respondendo no primeiro
grau? Já dá pra afirmar que esses processos estão tramitando de forma mais
rápida? Quantos recorreram para manter os procedimentos no STF? No aguardo
Muito obrigado
Dallagnol – 16:44:48 – O que
acham?
Julio
Noronha – 16:50:02 – Acho q não é uma boa; além da bola dividida Flávio Bolsonaro,
e de ser pauta já definida pelo STF, Paulo Pimenta já nos representou algumas
vezes
Antonio Carlos Welter –
16:59:18 – Pelo Pimenta não vejo problema. O ruim é a bola dividida. Mas não
dividir pode ser pior. Fica seletivo
Welter – 17:03:00 – Se falar em
tese, não vejo problema. Mas e a Raquel, não vai chiar de novo?
'Xiiiiiiiii'
Os
diálogos fazem parte de um pacote de mensagens que o Intercept começou a
revelar em 9 de junho – série conhecida como Vaza Jato. Os
arquivos reúnem chats, fotos, áudios e documentos de procuradores da Lava Jato
compartilhados em vários grupos e chats privados do aplicativo Telegram. A
declaração conjunta dos editores do The Intercept e do Intercept Brasil (clique para ler
o texto completo) explica os critérios editoriais usados para
publicar esses materiais.
Em
outras conversas privadas, procuradores do MPF também comentaram o escândalo
envolvendo Flávio Bolsonaro e Queiroz. “Não tenho dúvida de que isso é
mensalinho”, escreveu o procurador regional da República Danilo Dias,
acrescentando em seguida “No mesmo esquema de Mato Grosso com Silval Barbosa”.
Uma
discussão ocorreu no dia 11 de dezembro de 2018, quando, num grupo chamado
Winter is Coming, a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen
compartilhou um link para uma
matéria do Jornal Nacional sobre o caso. O telejornal explicou
que “a análise do relatório do Coaf revela que a maior parte dos depósitos em
espécie na conta do ex-motorista de Flávio Bolsonaro coincidem com as datas de
pagamento na Assembleia Legislativa do Rio” e que “o Coaf apontou que Fabrício
teve uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão durante um ano.”
A
subprocuradora, que havia enviado o link original, recapitulou o conhecido
esquema de corrupção e previu os próximos passos da investigação: “Pessoas da
mesma família empregá-la , depósito de parte dos salários de servidores em dias
de pagamento, outros depósitos , resta saber quem recebia os saques . Agora vem
a quebra do sigilo. Vamos aguardar a investigação geral do MPRJ quanto aos
assessores”. Frischeisen está na lista tríplice escolhida pelos membros do MPF
para substituir a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, cujo mandato se
encerra em setembro.
Uma
outra procuradora do MPF, Hayssa Kyrie Medeiros Jardim, explicou que o esquema
praticado por Flávio se tratava de “Esquema equivalente ao descoberto na Dama
de espadas”. Em seguida, a procuradora compartilhou um artigo da
Tribuna do Norte, publicado no dia 12 de novembro de 2018, que
revelava o funcionamento de um esquema similar na Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Norte. No caso, uma organização criminosa formada por servidores e
ex-presidentes da casa realizou desvios milionários por meio de um esquema com
funcionários-fantasma.
Frischeisen
comparou o caso de Flávio a um outro, também no Rio de Janeiro, envolvendo a
deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros, conhecida como Lucinha,
“acusada de desviar dinheiro público em contratação de funcionário fantasma”.
Citando uma nota do MPRJ,
a procuradora disse que “MPRJ já fez denúncia sobre caso semelhante envolvendo
funcionário fantasma”, indicando que haveria precedente para uma denuncia
contra Flávio. No decorrer da conversa, nenhum dos procuradores discordou da
declaração enfática de que Flávio teria praticado corrupção.
Segundo a
revista Veja, que teve acesso ao documento que embasou a quebra de
sigilo de Flávio Bolsonaro, o Ministério Público do Rio de Janeiro vê indícios
que sugerem a prática dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização
criminosa no gabinete do então deputado. O caso seria, então, ainda mais grave
do que os outros casos citados pelos procuradores.
11 de dezembro de 2018 – grupo
Winter is coming
Danilo Dias – 22:09:47 – Não
tenho dúvida de que isso é mensalinho
Dias – 22:10:10 – No mesmo
esquema de Mato Grosso com Silval Barbosa
Anna Carolina Resende –
22:10:48 –
Hayssa Kyrie Medeiros Jardim –
22:11:18 – Xiiiiiiiii
Luiza Frischeisen – 22:13:46 –
Pessoas da mesma família empregá-la , depósito de parte dos salários de
servidores em dias de pagamento , outros depósitos , resta saber quem recebia
os saques . Agora vem a quebra do sigilo . Vamos aguardar a investigação geral
do MPRJ quanto aos assessores .
Roberto Dassié – 22:15:11 –
[áudio não encontrado]
Jardim 22:15:12 –
Esquema equivalente ao descoberto na Dama de espadas
Jardim – 22:15:12 – http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/rita-confirma-desvios-na-assembleia/432729
Um
mês depois, no dia 17 de janeiro, os assessores de imprensa de Dallagnol, num
grupo de chat privado entre o procurador e os profissionais, trataram de uma
solicitação enviada pelo então repórter do Intercept Rafael Moro Martins (hoje
editor em Brasília), que cobrava um posicionamento oficial de Dallagnol sobre o
caso envolvendo Flávio Bolsonaro e Queiroz. Na mensagem, o repórter observou
que o procurador vinha sendo “ativo nas redes sociais em assuntos que não dizem
respeito à atuação da FT e do MPF.”
Dallagnol
comentou as repetidas cobranças nas redes sociais por um posicionamento mais
contundente sobre o caso Queiroz: “vi mta cobança na rede social, mas achava
que eram mais robos”. Sua assessoria, no entanto, disse que a cobrança era
orgânica e previsível: “era previsível, sim”, “essa cobnrança não é só de
robôs”, “os jornalistas tb estão atentos”.
Foi
então que a assessoria elogiou Dallagnol por seu posicionamento firme em
relação ao caso de Flávio. “isso reforça o apartidarismo”, escreveu um assessor
em um chat. O assessor também criticou a posição de Moro: “saem contar que a
fala de Moro sobre Queiroz foi muito ‘neutra’. não teve firmeza, sabe? para
muita gente, pareceu que Moro quis sair pela tangente”. Ele, a assessoria
disse, “ficou em cima do muro”.
A
preocupação do assessor de Dallagnol sobre as motivações de Moro no caso
envolvendo Flávio foi enviada no chat em janeiro, pouco mais de um mês depois
do próprio procurador debater o caso com os colegas.
No
chat, Dallagnol não disse nada em resposta às críticas e à aparente disposição
de Moro – famoso por sua severidade contra corrupção – de proteger Flávio. Essa
conversa, entretanto, ocorreu cerca de dois meses depois que o coordenador da
força-tarefa da Lava Jato, como demonstrado
previamente pelo Intercept, ter dito à procuradora Janice Ascari,
num chat privado: “sobre a saída do Moro pro MJ, mas temos uma preocupação
sobre alegações de parcialidade que virão . . . tenho medo do corpo que isso
possa tomar na opiniã pública.”
Moro
já foi questionado diversas vezes sobre sua aparente apatia diante não somente
da investigação sobre a corrupção de Flávio, mas também de outros escândalos
envolvendo o governo Bolsonaro, como as denúncias de que o PSL teria utilizado
um esquema de laranjas nas eleições de 2018. Quando perguntado, Moro em geral
alega não ter controle sobre a Polícia Federal, como fez novamente em entrevista
concedida ao Correio Brasiliense no começo de julho: “A PF está
apurando os fatos e deve chegar a conclusões. E à medida que estão sendo feitas
as diligências, (elas) estão sendo informadas ao presidente”.
A
afirmação de Moro de que ele não tem controle sobre a Polícia Federal – em
resposta às críticas de que ele protegeu Bolsonaro e PSL – deveria ser vista
com muito ceticismo. Durante anos, ele também insistiu que não desempenhou
nenhum papel nas operações da Lava Jato, algo que as reportagem do Intercept,
da Folha e da Veja provaram ser claramente falso.
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