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3 de junho de 2025

Lula chama Eduardo Bolsonaro de terrorista e sai em defesa do STF.

 ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS.

EDIÇÃO DE Nº 3024

CAMPO ALEGRE DE LOURDES/ BA, BRASIL.

e-mail: angicodosdias2014@gmail.com 

terça-feira, 03/ 05/ 2025.           

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 presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou o tom nesta terça-feira (3) ao reagir às articulações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos para pressionar o governo Trump a sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

          Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Lula classificou as ações do extremista, deputado licenciado Eduarda Bolsonaro, como uma “prática terrorista” e “antipatriótica”.

          “É lamentável um deputado brasileiro convocar os EUA a se meter na política interna do Brasil. Isso é grave. É uma prática terrorista. Um cidadão que pede licença do mandato para lamber as botas do Trump e pedir intervenção estrangeira contra o Brasil não pode ser tratado como patriota”, disse Lula aos jornalistas. 

         A fala ocorre em um contexto de tensão crescente entre os poderes da República e em meio ao recrudescimento da ofensiva bolsonarista no exterior. Eduardo Bolsonaro, que tem atuado junto a parlamentares republicanos e figuras do entorno de Donald Trump, defende abertamente a imposição de sanções contra ministros do STF sob a justificativa de “violação à liberdade de expressão”.

          Bolsonaro, Moraes e os bastidores da ofensiva nos EUA

          A declaração de Lula não é isolada. Ela responde diretamente à escalada de ações nos bastidores da direita radical brasileira radicada nos Estados Unidos. Desde o início do ano, Eduardo Bolsonaro intensificou articulações com o objetivo de influenciar a política externa americana — especialmente com a reeleição de Donald Trump à Casa Branca.

       Entre os principais alvos está Alexandre de Moraes, relator de processos que envolvem Jair Bolsonaro no Supremo. O ministro já foi denunciado por aliados trumpistas em cortes americanas e é citado nominalmente em projetos que circulam no Congresso dos EUA propondo sanções a agentes públicos estrangeiros que, na visão dos republicanos, infringem a Primeira Emenda americana.

        Em fevereiro, o próprio Eduardo afirmou que Moraes deveria ser punido com sanções do tipo OFAC — as mesmas aplicadas contra violadores de direitos humanos em regimes autoritários.

           Visita estratégica de emissário de Trump ao Brasil acirra clima político

        A presença de David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, em Brasília acentuou os temores no Planalto. Oficialmente, a visita tem por objetivo discutir o combate ao crime organizado e ao terrorismo. Extraoficialmente, interlocutores do governo admitem preocupação com uma tentativa velada de ingerência em decisões da Justiça brasileira.

         Gamble, segundo a Embaixada dos EUA, participa de reuniões bilaterais com o Ministério da Justiça e outros órgãos. Mas o fato de sua vinda coincidir com as ofensivas públicas da ala bolsonarista levanta suspeitas. Eduardo Bolsonaro anunciou que Gamble se reuniria com Jair e Flávio Bolsonaro. A Embaixada, no entanto, não confirmou tais encontros.

          Lula foi enfático: “É inadmissível que um presidente de qualquer país do mundo interfira nas decisões da Suprema Corte de outro país. Os EUA precisam respeitar as instituições brasileiras. Se há divergência, que se manifeste de forma diplomática — não conspirativa”, disparou.

          Análise: quando a diplomacia vira trincheira política

A reação de Lula reforça uma mudança no tom do governo diante das manobras do bolsonarismo internacional. O Planalto, que até aqui adotava uma postura cautelosa frente ao retorno de Trump, começa a reposicionar-se frente à radicalização do diálogo político com os EUA.

        A fala do presidente expõe um limite: não há espaço para relativização das instituições nacionais em nome de interesses eleitorais. Mais do que retórica, o embate revela uma disputa geopolítica em miniatura, com o STF brasileiro no centro de uma batalha simbólica sobre soberania e justiça.

          Ao classificar a atuação de Eduardo Bolsonaro como “terrorista”, Lula não apenas responsabiliza o deputado, mas o associa a práticas que, nos marcos legais, beiram a sabotagem institucional — um passo além do discurso político convencional.

           O Brasil entre tensões institucionais e interferência externa.

O embate entre Lula e Eduardo Bolsonaro expõe fraturas reais no campo político e institucional. Mais do que uma troca de acusações, revela o uso de conexões internacionais como ferramenta de pressão sobre o Judiciário brasileiro — algo inédito em intensidade desde a redemocratização.

          Ao tentar mobilizar o governo Trump contra decisões do STF, Eduardo Bolsonaro amplia uma lógica de confronto que contorna os ritos democráticos. A reação do presidente Lula, ao classificar a conduta como “terrorista”, aponta para o risco de corrosão institucional promovida por vias externas.

          No centro dessa disputa está a tensão entre autonomia nacional e a tentativa de instrumentalizar alianças internacionais para deslegitimar instituições internas.

          O caso deixa um alerta: a soberania não se afirma em discursos — mas na capacidade do país de conter interferências, inclusive as que partem de dentro.

                     Fonte: Blog do Esmael

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