ANGICO DOS DIAS NOTÍCIAS.
EDIÇÃO DE Nº 30619
CAMPO ALEGRE DE LOURDES/ BA, BRASIL.
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sexTA-feira, 27/ 06/ 2025.
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Supremo Tribunal Federal (STF) colocou as emendas parlamentares no centro do debate institucional nesta sexta-feira (27), ao realizar audiência pública para discutir a transparência no uso desses recursos.
Foto: Blog do Esmael.
O movimento acontece em meio à quarta
fase da Operação Overclean, que apura desvios milionários de emendas na Bahia e
tem como alvo o deputado federal Félix Mendonça (PDT-BA).
A audiência foi convocada pelo
ministro Flávio Dino, relator de três ações diretas de inconstitucionalidade
(ADIs 7688, 7695 e 7697) que contestam o atual modelo de distribuição e
fiscalização das emendas. Dino defendeu que o STF cumpre seu papel
constitucional ao exigir rastreabilidade e lisura no repasse desses recursos
públicos.
“A discussão das emendas não está
dissociada do que debatemos ontem sobre o Marco Civil da Internet. Em ambos,
tratamos de direitos constitucionais que exigem equilíbrio e responsabilidade”,
disse o ministro, ao comparar o tema das emendas ao julgamento que tornou
parcialmente inconstitucional o Artigo 19 do MCI.
O presidente da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também
participaram da audiência. Ambos são críticos das decisões recentes do Supremo
que, na prática, restringiram o pagamento de emendas sob suspeita ou sem
identificação clara dos parlamentares beneficiados.
Bastidores
baianos e a operação da PF
Enquanto o STF discute o futuro das
emendas, o caso Félix Mendonça alimenta o desgaste político do instrumento. A
Polícia Federal cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Salvador e cidades
do interior baiano, como Camaçari, Boquira e Ibipitanga. Prefeitos e o assessor
do deputado também foram afastados de suas funções.
Segundo as investigações, o grupo
operava um esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares com a atuação
direta do assessor Marcelo Chaves Gomes e prefeitos aliados. Dinheiro em
espécie foi apreendido na casa de um dos ex-prefeitos investigados.
Félix Mendonça nega irregularidades e
afirma que sempre atuou “com correção, ética e seriedade”. Segundo ele, os
repasses ocorreram de forma lícita, com “ganho exclusivamente político”.
Risco de crise institucional
A ofensiva do STF sobre as emendas e
o avanço das operações da PF elevam o clima de tensão entre os Poderes. Nos
bastidores do Congresso, líderes avaliam que a pressão do Judiciário, somada à
crise política envolvendo emendas, pode travar votações de interesse do
governo.
Além disso, parlamentares reclamam do
que consideram “invasão de competências” por parte do Supremo, especialmente
após a decisão que suspendeu as emendas de relator (RP9) e as de comissão
(RP8), consideradas inconstitucionais.
O
ministro do STF Flávio Dino, por sua vez, rechaça a narrativa de perseguição e
reforça que o Judiciário apenas cumpre o que a Constituição determina:
transparência, rastreabilidade e respeito ao devido processo legal no uso de
dinheiro público.
Projeção
e impacto político
O debate sobre as emendas não deve
arrefecer. A tendência, segundo fontes do Congresso, é que o Supremo mantenha o
cerco por mais transparência e que novas fases da Operação Overclean possam
atingir outros parlamentares e prefeitos.
Com o orçamento da União cada vez
mais dominado por emendas impositivas, o tema se tornou um dos principais
pontos de tensão na engrenagem institucional do país. No meio desse embate,
cresce o risco de paralisia legislativa e desgaste entre STF, Planalto e
Congresso.
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